Por Lorena Gebara 29/07/2020
O Brasil está na contra mão das diretrizes internacionais, dos estudos científicos e da população que pede por mais áreas preservadas. Vide o caso Parque Augusta, uma brilhante conquista popular na manutenção do último remanescente de Mata Atlântica no centro de São Paulo. Depois de anos de luta a população organizada, em diversos coletivos e redes, conseguiu preservar o patrimônio histórico, cultural e ambiental de alto valor socioambiental. Este é só um dos muitos exemplos de heróis anônimos que se organizam em pró ao equilíbrio ambiental e justiça social. Que possamos nos inspirar nessas histórias da Rede Novos Parques.
Está cada vez mais claro a importância dos serviços ecossistêmicos que as áreas verdes nos proporcionam, não só no controle de pandemias como a Fiocruz demonstra, mas no bem estar e na qualidade de vida nos centros urbanos, como o Dr. Saudiva detalha, científica e espiritualmente, em seus estudos. Com atual perda de mais de 2/3 dos habitats naturais, como informa o estudo da WWF, existe um movimento clamando pela proteção mundial de pelo menos 30% de áreas naturais. Revisite o artigo “É hora de refletir nossa relação com o planeta” que elucida estudos da WWF e de outras instituições.

Segundo dados do Prodes, medido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a destruição do bioma Amazônico se intensificou exponencialmente em 2019 como resultado de uma política anti-ambiental que estimula atividades predatórias, como queimadas, desmatamento e garimpo em áreas protegidas, e aumenta ainda mais a violência contra os povos que vivem e dependem da floresta. A extinção da Secretaria de Mudanças do Clima e Florestas, também em 2019, sinaliza a desconsideração ao combate a mudanças climáticas e na investigação de ações que geram potencial desequilíbrio nos territórios preservados.
O tema estratégico para arrecadação de fundos internacionais, praticamente desapareceu da estrutura do ministério. Em contraponto acordos contra o interesse público que anistiam desmatadores e infratores ambientais continuam a tramitar no Congresso por meio de Medidas Provisórias. Em oposição as recomendações da ONU e das instituições ambientalistas, estamos retrocedendo quase 30 anos com os atuais índices de crimes ambientais O Brasil está se inviabilizando como país que protege seu patrimônio Natural, indo contra as metas da Agenda 2030, do pacto global para atingirmos o desenvolvimento sustentável.
Não é a toa que muitos investidores internacionais estão pressionando o governo brasileiro a se redimir diante aos altos índices de desmatamento em territórios de comunidades tradicionais. A pressão dos países importadores deixa uma grande lição de nossa força como consumidores conscientes e de hábitos sustentáveis, ao reforçar um sistema mais justo e igualitário. Buscar marcas que apoiam ações democráticas e sejam eco friendly é uma mensagem clara de que não podemos continuar a fazer negócios explorando insustentavelmente nossos recursos naturais, afinal todos nós temos direito e dever de cuidar do meio ambiente.

Edição e Arte: Edson Paz